Entrevista com Daniel Celli – São Paulo Film Commission: crescimento em 2018 e boas projeções para esse ano

Em 2018, mais de 910 obras foram filmadas em São Paulo, o que gerou 23,4 mil postos de trabalho e uma somatória de R$ 467 milhões em orçamentos dessas produções. O Parque Ibirapuera (foto), foi a locação que mais recebeu filmagens entre maio de 2016 e dezembro de 2018, um total de 131 obras filmadas.

Os números foram divulgados no balanço geral da Spcine sobre a atuação da São Paulo Film Commission, que oferece assistência para a realização de produções audiovisuais na capital paulista, desburocratizando e facilitando o processo para transformar a cidade em um cenário a céu aberto para filmagens nacionais e estrangeiras.

Já em 2019, a São Paulo Film Commission já divulgou algumas gravações que tiveram São Paulo como cenário.

Uma das primeiras foi Um Dia com Jerusa, que relata o encontro de mulheres negras duas gerações. Jerusa, 77 anos, e Silvia, 25 anos, em uma tarde, confinadas em um sobrado, no centro de São Paulo, que transpira solidão e memória. O filme passou por 12 locações públicas, entre elas, a Rua Treze de Maio, o Largo do Paissandú e Vale do Anhangabaú.

Já outro projeto teve muita ação, cenas de fuga e até explosão de caixa eletrônico. As ruas do centro de São Paulo foram cenário da websérie 01.09, produzida pela O2 Filmes para uma marca de automóveis. As gravações passaram por 9 locações públicas. Entre elas, a Galeria Prestes Maia, Escadaria da Rua Major Quedinho, Rua Riachuelo e a Rua São Francisco. A série já está no ar:

Em entrevista especial ao Prodview, Daniel Celli, coordenador da São Paulo Film Commission revelou que ao longo das três primeiras semanas de janeiro, o departamento já atendeu um total de 70 produções, o que aponta para boas expectativas em relação a 2019, tanto quanto no ano que passou.

“O que nos interessa na verdade, independente do tamanho da produção, é que São Paulo continue sendo utilizada como uma cidade cenário, uma grande metrópole audiovisual”, reforça Celli.

Confira a entrevista completa:

– Qual avaliação de 2018 da Spcine sobre o programa como um todo?

2018 foi um ano aquecido para a produção audiovisual. A produção de séries de médio e grande porte, de projeção internacional, foi contínua. E as produções independentes, de outros tipos de formato ou até mesmo as estudantis, mantiveram um fluxo intenso. Passaram por aqui nesse ano séries da Netflix, HBO, Globo, Universal, Fox, Sony, TNT e de outras janelas de grande visibilidade, assim como produções de outras empresas e agências que não estão na boca do público geral e que esperamos que sejam assistidas e visualizadas com muito sucesso. O que nos interessa na verdade, independente do tamanho da produção, é que São Paulo continue sendo utilizada como uma cidade cenário, uma grande metrópole audiovisual.

– Como esperam que seja 2019?

Se 2018 já foi aquecido, acredito que 2019 não será diferente. Os números da São Paulo Film Commission atestam isso de alguma forma. Ao longo das três primeiras semanas de janeiro, o departamento já atendeu um total de 70 produções. É um número expressivo.

–  Qual a porcentagem ou quantidade de produções em cada segmento (curta, websérie, filme, longa, série, game, animação, documentário, publicidade e longa) durante 2018? Houve crescimento em relação ao período anterior?

Em 2018, aprovamos filmagens de 1.040 produções audiovisuais. Do total, praticamente a metade das demandas é de publicidade. O segundo formato mais demandante foi o curta-metragem, com cerca de 11% dos pedidos; depois vêm as séries, com aproximadamente 5% das produções.

– O que você destacaria como grandes conquistas ou projetos realizados dentro do programa?

Antes da criação da política pública de filmagens da cidade de São Paulo, as produções audiovisuais tinham bastante dificuldade em conseguir filmar aqui. Muitas delas, por esta razão, buscavam outras cidades, filmavam sem autorização ou buscavam outros países que pudessem receber melhor suas produções. E o que a São Paulo Film Commission proporcionou foi a criação de um procedimento único e padronizado de autorização de filmagens em espaços da municipalidade. Hoje as produções conseguem adequar o cronograma de filmagem aos prazos estipulados: três dias úteis para publicidade e oito para outros formatos. Antes, cada órgão estipulava o seu próprio prazo, causando enorme conflito de agenda. Sem contar os documentos que eles requeriam, que poderiam ser diferentes entre si. Quanto aos valores das locações, considerava-se tudo como evento. Não havia uma rubrica e nem entendimento específico e qualificado do que é uma produção audiovisual. Hoje há, e a São Paulo Film Commission dá formação para os gestores públicos. A ideia é levar aspectos sensíveis da produção audiovisual, para que toda a gestão pública municipal esteja apta a receber as filmagens. Na Film Commission, todo o processo de solicitação é feito de maneira eletrônica, o que é super prático. Há descontos para todos os tipos de formatos, reunimos dados sobre o setor – como a quantidade geradas de postos de trabalho, número de filmagens, orçamentos das produções -, enfim. Estamos muito contentes pelo trabalho desenvolvido. É ótimo saber que São Paulo está se tornando cada vez mais um centro urbano parceiro do audiovisual.

– De acordo com os números divulgados, foram mais de 910 obras filmadas em SP que geraram mais de 23,4 mil postos de trabalho com uma soma de R$ 467 milhões dos orçamentos das produções, como vocês avaliam esses números e qual o impacto deles na produção audiovisual?

Como disse anteriormente, 2018 foi um ano aquecido para a produção audiovisual. Um dos destaques foi o aumento na produção de conteúdo filmado em São Paulo, como séries de médio e grande porte. Publicidade, que é o formato mais filmado na cidade, manteve o fôlego de 2017. E acreditamos que o crescimento no número de postos de trabalho gerados possa ter se dado justamente por esse aumento das obras seriadas, que acabam demandando mais profissionais para formar suas equipes.

 

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