Termina a CineOP: Mais propostas educativas, pesquisas, preservação e exibição de “O Barato de Iacanga”

Enfim, terminou hoje a CineOP (Mostra de Cinema de Ouro Preto), que começou em 05 de junho e reuniu em seis dias uma programação de valorização e preservação ao patrimônio audiovisual, com discursos de debate e reflexão com foco principalmente nas mulheres, na educação e em como o cinema interage promovendo um ambiente favorável de democratização e acesso ao audiovisual.

 

[Aproveite e antes de continuar a leitura, reveja a cobertura completa:

 

Em sua proposição de “Territórios regionais, inquietações históricas”, a 14ª CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto problematizou a ideia de “ciclos regionais”, a partir de estudos mais recentes que contestam a terminologia e o recorte geográfico das pesquisas de cinema. Tais abordagens apontam um olhar viciado dos grandes centros para os estados e cidades distantes de Rio e São Paulo ao falarem em ciclos regionais. 

Na presença de 75 profissionais do audiovisual, acadêmicos, pesquisadores, historiadores, críticos de cinema e convidados internacionais, ao longo de 26 debates, o assunto transitou e se reconfigurou por diversas frentes em Ouro Preto, no 14º Seminário do Cinema Brasileiro: Fatos e Memória, no Encontro Nacional de Arquivos e Acervos Audiovisuais Brasileiros e no Encontro da Educação: XI Fórum da Rede Kino – Rede Latino-Americana de Educação, Cinema e Audiovisual. A linha de força principal foi a noção de territorialidade brasileira. Pensar o país em termos de região e território despontou como centro das conversas nas temáticas Histórica, Educação e Preservação que movem a CineOP.

Confira como foi o último dia:

 

Potência pedagógica das reflexões feministas e interseccionalidades

Foram apresentados projetos audiovisuais educativos que refletem a partir do material cinematográfico específico as relações de gênero em conjunto com as relações étnico-raciais e de classe. 

São os projetos:

  • Cine com perspectiva de género em contexto de encierro (María José Audisio, Argentina); 
  • Disciplina de Cinema: cinema documentário (Ally Collaço, SC);
  • Vivência e Convivência: a contribuição do cinema na escola para o debate sobre a violência (Aline Jekimim Goulart);
  • Olhares (Im)Possíveis: cartografando processos subjetivos na produção de filmes cartas na escola Estadual de Ouro Preto (Arthur Medrado, MG e RJ). 

 

Pesquisa e Projetos em Preservação Audiovisual

Foram apresentados Estudos de Casos e Iniciativas em torno da Preservação Audiovisual, são eles: 

  • Dibrarq – Diretório Brasil de Arquivos – plataforma do Arquivo Nacional que permite reunir instituições e pessoas que guardam e promovem o acesso aos documentos;
  • Brazilian Film and Video Preservation Project – projeto que a entidade encabeça para preservação de obras audiovisuais, desde 2015 para facilitar o acesso a vídeos e filmes pioneiros;
  • Salvaguarda do Patrimônio Audiovisual. – Ética, princípios, estratégia de preservação, feito de forma colaborativa pelos membros da ABPA, lançado nesta edição do evento.

 

ABPA 

A programação ainda contou com a 2ª e 3ª reunião de trabalho dos Membros da ABPA, onde foi apresentada a carta da assembleia e os números de balanço financeiro. A partir da próxima assembleia ficou acordado que haverão mais gráficos e informações dinâmicas. A entidade continua com os mesmos gastos, a renovação do site, então é sempre muito bem pensado de acordo com as demandas. 

 

Tecnologias Digitais – Estratégias de Acesso 

As ferramentas digitais alargaram as possibilidade de difusão e acesso a conteúdo e obras audiovisuais. Com isso, várias questões surgiram como os cuidados que demandam esse novo tipo de ambiente, seja em relação à segurança, proteção, suporte e até apresentação desses documentos. 

Participaram do debate: Fernanda Coelho (professora, SP), Letícia Santinon (Spcine, SP); Rafael de Luna (coordenador da Lupa, RJ). 

Dentre os principais pontos abordados, destaca-se o acesso ampliado às obras e o controle que pode ser criado por meio de consórcios e servidores próprios, além de um recorte do conteúdo sob demanda. 

 

Ensinando a descolonizar sem recolonizar

A cineasta Dácia Ibiapina e a educadora Shirley Miranda discorreram sobre a noção de “plano” no âmbito do cinema e do ensino. O plano de aula como roteiro guia do docente e o plano de cinema como a unidade menor numa proposta de pedagogia com intervenções em ambos. 

“A renovação institucional e teórica é o que fundamenta o currículo descolonizado. A colonialidade ultrapassa os limites do colonialismo e permite explicar as formas de domínio e poder, que passaram a ser reproduzidos pelo sistema capitalismo moderno”, comentou Shirley Miranda.

 

Encerramento

Para o encerramento,  a programação reservou a pré-estreia nacional de O Barato de Iacanga, dirigido por Thiago Mattar (foto acima). 

No filme, uma fazenda familiar no interior de São Paulo foi palco do mais lendário festival ao ar livre de música brasileira: o Festival de Águas Claras, que recebeu nomes como Gilberto Gil, Hermeto Pascal, Luiz Gonzaga, Sandra de Sá, Alceu Valença e João Gilberto. 

“A ideia do filme é preservar uma memória perdida. Hoje vivemos em tempos de exibicionismo de história e é importante resgatar a memória que é esquecida e recontar da maneira correta”, disse o diretor.

 

E a cobertura Prodview não para por aqui….nos próximos dias você acompanhará outras matérias especiais sobre o evento. Não deixe de acessar.

Foto: Jackson Romanelli/Universo Produção

 

*A jornalista viajou à convite da Universo Produção.

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