Projetos da Anableps dedicados ao mercado de cinema XR: produções para experimentar
O mercado de realidade imersiva tem crescido muito no Brasil e as empresas estão se organizando e trabalhando em conjunto para criar as ferramentas que estão utilizando e aprendendo na prática. O segmento já conta com uma associação, a XRBR, que tem se estruturado para pensar, refletir e organizar o mercado. Em breve, teremos outra matéria especial falando da entidade.
E uma dessas empresas que tem pensado a sétima arte do ponto de vista do “experimentador” e não mais do espectador, é a Anableps, fundada por Priscila Guedes, que produz filmes Cinematic XR e desenvolve conteúdo narrativo em realidade virtual, tendo como principal objetivo inserir o Brasil na composição da nova indústria internacional de realidade virtual.
Com um projeto de soluções tecnológicas para VR, Priscila participou da incubadora Propellor Kickstart no Festival Internacional de Cinema de Roterdã, foi convidada a interagir com startups em aceleração no Propellor Speednic, no European Film Market, em Berlim, Alemanha.
No Festival de Cannes, no Next (Pavilhão do Marché du Film dedicado ao mercado de realidade virtual), o projeto foi apresentado pelo Propellor Film Tech Hub como a primeira das 10 inovações mais promissoras em modelos de negócios na indústria cinematográfica do futuro.
Priscila Guedes esteve recentemente em Hollywood, onde foi selecionada para apresentar o curta-metragem O-CÉ-AN na Mostra Competitiva Oficial do 11º Los Angeles Brazilian Film Festival.
Seguindo essa trajetória, a Anableps está com três projetos diferenciados em diferentes estágios de desenvolvimento. Em entrevista especial ao Prodview, Priscila Guedes conversou sobre essas produções. Confira:
“Temos projetos autorais, da própria produtora e temos projetos de clientes que solicitam nossa participação. Dos carros chefes, que estão sendo promovidos no momento, temos três projetos de cinema XR, que são todas as tecnologias de imersão dentro de uma só sigla, XR (realidade estendida, aumentada, virtual e mista)”, explica.
Conheça os projetos:
Catalepsia
Catalepsia é uma ação imersiva, uma ficção, drama onde uma só atriz atua interpretando dois personagens. É um tema de duplicidade e fala sobre a paralisia do sono, a catalepsia, e o experimentador vai ser convidado a experimentar diferentes possibilidade de consciência para uma só pessoa que é ele mesmo.
Em uma casa isolada, longe da capital, depois de um sono profundo, Camila acorda e vê a silhueta de uma pessoa que tenta desesperadamente entrar em sua casa. O sino continua tocando. Preocupada, ela decide se levantar para ver quem insiste tanto para entrar.
“O filme é uma ficção, é um drama, mas é um convite a consciência de si, administração do próprio ser, é uma máquina de bem-estar. No fim você tira o dispositivo tecnológico e você está bem para viver a sua vida”, aponta Priscila.
O filme terá duas versões: uma em VR, intimamente interativa em relação à espacialidade sonora, a escolha do ponto de vista, o sentido do olfato, o vento, as vibrações dos diferentes momentos e deslocamentos; e outra em 360 ° para os meios de transmissão tradicionais como Pay TV, Telecoms e Aplicativos. As filmagens estão previstas para 1º semestre de 2019.
Eurydice
Livremente inspirado no filme histórico e premiado Orfeu Negro, dirigido por Marcel Camus, a produção se passa durante o carnaval brasileiro, com as ruas do Rio de Janeiro lotadas enquanto as criaturas do carnaval se reúnem para dançar e brincar.
Orfeu e Eurydice são os que mais se amam no meio da festa. Mas quando Eurydice morre de repente no meio da multidão, Orfeu fica perturbado. Ele desce à escuridão para trazer de volta o amor de sua vida, mas há uma condição para recuperá-la: ele deve deixar o abismo sem olhar para trás. Ele vai virar e olhar? E quem decide é o experimentador.
“Fazemos um convite para o experimentador ser tanto a Eurydice quanto o Orfeu, quer dizer quer o experimentador põe o dispositivo e escolhe ser um dos dois personagens a cada vez que experimenta o filme. É também uma ficção interativa, imersiva”, acrescenta Priscila.
Ela conta que a ideia do filme surgiu por meio da co-roteirista que a chamou para fazer o filme em realidade virtual, juntas elas aprenderam na prática. “Pensei que seria legal pensar num filme que funcionasse tanto para a França quanto para o Brasil, a nível de coprodução, com os dois países envolvidos”, reforça Priscila. As filmagens estão previstas para 2º semestre de 2019.
A Rainha da Floresta
A Rainha da Floresta é uma ficção em realidade aumentada.
“Estamos desenvolvendo o projeto, está numa fase mais jovem do que os outros, que já tem financiamento, já temos coprodutores em 3 países diferentes e esse acabou de nascer enquanto projeto”, explica Priscila.
São três temporadas e cinco episódios em cada temporada.
É uma história que começa com entidades da floresta, espíritos que decidem incorporar em elementos da mata atlântica para tentar salvar o planeta do aquecimento global, então são espíritos da Floresta que se incorporam em diferentes elementos (personagens: cacau, café, guaraná, o beija flor, a onça puma e a rainha da floresta. São crianças na primeira temporada, adolescentes na segunda e adultos na terceira.
“Na primeira temporada a questão principal é o aquecimento global, então todas as tramas giram em torno desse tema e é primavera. Na segunda é inverno e a problemática é a contaminação da água que eles bebem pelo rio só que irriga o ambiente deles. São todos adolescentes, tem problemáticas da fase, mas o fato é que eles ficam ali tentando resolver o problema do Rio que está sendo contaminado pelas indústrias que extraem ouro em torno da floresta que eles vivem. Na terceira temporada eles já são adultos, é verão e a problemática são as queimadas naturais decorrentes da seca, do desmatamento, da agropecuária”, detalha.