Ferramentas e práticas para conectar a produção brasileira ao mercado internacional
Com o objetivo de fornecer ferramentas conceituais e práticas para a capacitação de profissionais e troca de experiências entre diferentes agentes do setor, o CineBH realizou três painéis nesta quinta-feira (30/08), que motivaram os produtores a expandir fronteiras na realização de seus projetos.
Incentivos mundiais, financiamentos, programas e coproduções reforçaram a importância do dialogo entre o mercado brasileiro e os profissionais internacionais. Uma oportunidade não só para expandir negócios, mas também de trocar experiências.
Além disso, o Brasil CineMundi (espaço para rede de contatos, negócios e intercâmbio entre o cinema brasileiro e o mercado internacional) recebeu one-on-one meetings e agendas de relacionamento.
O encontro selecionou, este ano, 20 projetos, distribuídos em três categorias, CineMundi (10), DocBrasil Meeting (5) e Foco Minas (5), representando sete estados brasileiros: Minas Gerais (8), São Paulo (4), Rio de Janeiro (3), Bahia (2), Espírito Santo (1), Goiás (1) e Pernambuco (1). Para conhecer os projetos de longas-metragens brasileiros, foram convidados 23 representantes da indústria audiovisual mundial, oriundos de 12 países – Alemanha, Argentina, Brasil, Chile, Cuba, Espanha, EUA, França, Itália, Noruega, Suíça e Uruguai.
Incentivo Espanhol
O painel Financiamento Audiovisual apresentou o Ibermedia, programa de incentivo espanhol que há 20 anos tem a missão de fortalecer o audiovisual ibero-americano por meio de financiamentos e convocatórias abertas a todos os produtores independentes da América Latina, Espanha, Portugal e, mais recentemente, Itália.
O programa realizou 26 convocatórias que permitiu a realização de 787 projetos cinematográficos, sendo que 656 são produtos já lançados. Além disso, já exibiu mais de 298 filmes e lançou 416 títulos nas TVs públicas da América Latina. Estima-se que mais de US$ 98 milhões foram investidos no cinema ibero-americano com financiamento indireto para 2 mil empresas e mais de 10 mil profissionais da indústria audiovisual.
Paulo de Carvalho, colaborador do Brasil CineMundi e produtor da Autentika Films mediou o painel que contou com a participação de Victor Sánchez.
Talentos emergentes
O painel Laboratório Internacional trouxe informações sobre o TorinoFilmLab, da Itália, que apoia talentos emergentes de todo o mundo a partir de atividades de treinamento, desenvolvimento, financiamento e distribuição.
Philippe Barrière, tutor no TorinoFilmLab Extended comentou o programa com mediação de Gudula Meinzolt (produtora da Autentika Films e colaboradora do CineMundi).
Fundado em 2008, o TorinoFilmLab oferece uma série de atividades a roteiristas, diretores e produtores desenvolvendo um longa ou um projeto de séries de TV, bem como profissionais de audiovisual dispostos a ganhar experiência prática em Edição de História e Design de Audiência. Graças ao seu apoio, mais de 100 filmes foram concluídos.
Phillippe destacou a importância dos produtores pensarem os projetos a partir de como o publico vai receber o projeto e qual a experiência que a historia vai propor a ele.
O fórum de coprodução do TorinoFilmLab ocorre todos os anos em novembro, em Turim (Itália). O encontro é uma amostra anual dos projetos, filmes e profissionais treinados, além de uma premiação e bolsas de estudos para produção.
Coproduções internacionais: intercâmbio, oportunidades e enriquecimento cultural
O debate Experiências em Coprodução Internacional na América Latina, reuniu a experiência da produtora chilena Globo Rojo Films com Catalina Vergara; da produtora argentina Constanza Sanz Palacios; e do coordenador de Projetos e Conteúdo do Canal Brasil, Henry Galsky. Ivan Melo (produtor de SP) mediou o encontro. “Nós temos que fazer parte disso. A coprodução não é só uma forma de levantar dinheiro”, ressaltou Ivan.
Eles comentaram as oportunidades de coprodução em seus países, os desafios, resultados e avanços no segmento.
O Brasil possui um acordo bilateral com o Chile que permite algumas possibilidades aos produtores: linhas de coprodução por meio do fundo CNCA (100 mil dólares) e aporte para participação em festivais (5 mil dólares para encontros na Europa e 3700 para América); Corfo Cine (fundo para o desenvolvimento de projetos – 20 mil euros para longas e 10 mil para curtas). Dentre os encontros internacionais sediados no Chile estão o FIC Valdivia (Festival Internacional de Cine de Valdivia); SANFIC (Santiago International Film Festival), ChileDOC Conecta (encontro para o segmento de documentários).
A Argentina possui um acordo latino-americano de coprodução por meio da lei 24.202. O tratado inclui Brasil, Canadá, França, Venezuela e Itália. O valor estimado concedido pode chegar a US$ 400 mil. Alguns encontros na Argentina mencionados: BAFICI (Festival Internacional de Cine Independente de Buenos Aires), BAL (Buenos Aires Lab) e Ventana Sur.
Já o Canal Brasil já apoiou 306 coproduções nos últimos seis anos, em 2012 esse número era 48. O aporte é feito diretamente e não inclui leis de incentivo.
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