MAX 2019: um olhar da Moonshot Pictures e Fórum de Lideranças Femininas no Audiovisual
A tarde desta quinta-feira (28/11) na MAX 2019 em Belo Horizonte trouxe debates e momentos necessários ao setor como o primeiro Fórum de Lideranças Femininas no Audiovisual em painel com importantes nomes do mercado. Além disso, a Moonshot Pictures participou de bate-papo sobre sua história e conteúdos.
Mulheres líderes do audiovisual
Participaram do painel “Os Desafios do Audiovisual Hoje” Debora Ivanov, advogada, ex-ANCINE e produtora; Diane Maia, da Mar Filmes; e Yla Gomes, da API – Associação das Produtoras Independentes do Audiovisual Brasileiro; com mediação de Jussara Locatelli, da Realiza Vídeo. Com mais de 13 mil empresas ligadas ao audiovisual no Brasil e as mudanças na política pública em relação ao setor, Jussara deu o tom do contexto problemático do mercado. “Desmonte da ANCINE, censura por motivos ideológicos, falta de regulação do VOD, prestação de contas… O cenário está ruim, mas temos pessoas fabulosas que nos dão apoio”, comentou antes de apresentar as demais profissionais.
Debora, por sua vez, trouxe diversos dados sobre essa atividade econômica que contribui com 0,46% para o PIB do país, que representa mais do que outras indústrias como a de papel e celulose, farmacêutica, eletrônica e têxtil, separadamente. Porém, quando se fala apenas em cinema, o País é um dos que têm proporcionalmente menos salas de cinema, sendo que países como México e Argentina têm numericamente mais salas do que o Brasil mesmo com territórios muito menores. Segundo Debora, somente cerca de 90% dos municípios brasileiros têm salas de cinemas. “Falam que nosso conteúdo não atrairia público, mas como vamos atrair público se não temos espaço para exibir os conteúdos?”, questionou a executiva.
Em termos de cotas de obras nacionais para televisão, Debora apontou que por cerca de 50 anos os Estados Unidos tiveram cota de 100% de conteúdo nacional e que a União Europeia permite até 50% de cota, com os países decidindo a porcentagem local como a França com 30% de cota. “Em seis anos de cotas menores do que 3%, conseguimos ocupar quase 18% da programação, com 10,9% vindo só de produtoras independentes. Provamos que nosso conteúdo é bom, que conseguimos entregar no prazo, que somos capazes”, disse.
Para ela, temos que continuar de olho na ANCINE, exigindo uma estrutura melhor, já que com um diretor apenas a entidade se encontra em plano emergencial e sem estabilidade. Debora ainda apontou que o plano de uso do Fundo Setorial do Audiovisual – FSA precisa sair ainda neste ano ou se perderão R$ 700 milhões arrecadados para serem utilizados no mercado.
Yla, por sua vez, falou sobre a Frente Parlamentar Mista de Defesa do Cinema e do Audiovisual Brasileiros, da qual é membro e atua junto ao Congresso Nacional. “A política do audiovisual deveria ser estável, ser uma política do Estado e não dos governos, senão será sempre instável”, comentou Yla Gomes. Para ela, também é preciso que o setor esteja atento e promova a renovação da Lei do Audiovisual que vencerá no fim de 2019.
Já Diane comemorou algumas vitórias do mercado audiovisual junto ao Tribunal de Contas da União – TCU, que exigiu a prestação de contas de várias produtoras contempladas em editais. Além disso, a profissional chamou atenção para a desigualdade de gênero preocupante no setor audiovisual. “Não queremos dominar o espaço. Vamos tentar pelo menos trabalhar com 50% dos projetos sendo realizados por mulheres”, defendeu.
Trajetória Moonshot Pictures
A Moonshot Pictures é uma produtora nacional que conta com 20 anos de atividades, sendo representada na MAX 2019 por Edison Viana. O profissional atua como responsável pela área de desenvolvimento de negócios e também participou de rodadas de negócio em nome da produtora no evento de BH.
Viana comentou cases de sucesso como as ficções “9mm” e “Sessão de Terapia”, bem como os programas televisivos “Desafio da Beleza”, “Por Um Fio” e “Aeroporto Área Restrita”. “A Moonshot não se restringe a um formato ou gênero de conteúdo específico, já produzimos mais de 20 filmes, mais de 20 shows e mais de 800 episódios, totalizando mais de 500 horas de conteúdo. Assim, nossos principais ativos são pessoas e ideias, por isso não investimos tanto em equipamento, mas sim nas pessoas. Criamos relacionamentos profissionais de longo prazo que garantem boas propriedades intelectuais para nós”, contou.
Para ele, fica clara a dificuldade do setor audiovisual, mas afirma que não faltará consumo de conteúdo, ainda mais com a chegada de novos players como a Apple e a Disney, além do crescimento de players já conhecidos como Netflix e Amazon. “Os modelos de negócios vão mudar, mas esse é um produto que vai continuar sendo consumido. E todos deste setor somo carregadores de histórias e isso não vai mudar independente do contexto”, declarou Viana.
Uma dica para produtores que queiram apresentar projetos é vir com uma história previamente testada de alguma maneira, seja por meio de livro, podcast, HQ, curta ou outro formato. “O podcast mesmo é um teste que qualquer um consegue fazer já que todos temos equipamento mínimo para isso: o celular”. Por fim, Edison Viana reforçou que os mercados locais precisam trazer histórias locais sim, desde que tenham alcance maior do que só a sua região. Para ele, é preciso que a história gere identificação em nível nacional e global, por acreditar na capacidade local de entregar histórias incríveis é que ele e a produtora têm cada vez mais participado de eventos regionais.
Confira mais da MAX 2019.