Balanço CineBH: profissionais reunidos para refletir, repensar e prospectar os projetos brasileiros para o mercado mundial

Durante seis dias, profissionais do audiovisual e espectadores estiveram reunidos em Belo Horizonte (MG) na Mostra CineBH em uma intensa e gratuita programação que incluiu homenagem, sessões de cinema, rodas de conversa, oficinas, debates, encontros e atrações artísticas. Foram mais de 200 convidados e mais de 12 mil pessoas beneficiadas.

Ocupando seis espaços da capital mineira (Fundação Clóvis Salgado/Palácio das Artes, Sesc Palladium, Cine Theatro Brasil Vallourec, Teatro Sesiminas, MIS Cine Santa Tereza e Praça Duque de Caxias), a CineBH tem firmado sua relevância nos caminhos da produção e da exibição.

O tema central dessa edição, “Pontes Latino-Americanas” gerou várias discussões e exibições, realinhando posições poucas vezes muito claras nas interações do continente. A programação de filmes, buscou valorizar a produção contemporânea na América Latina, na qual podemos destacar a da Argentina (La Flor, com 14 horas de exibição dividas em três sessões), México (Vítimas do Pecado) e Chile (A Telenovela Errante).

Já a seleção interna percorreu diversos estados, indo do Espírito Santo (A Mata Negra) à Paraíba (Sol Alegria), de Minas Gerais (Baixo Centro) ao Paraná (Ferrugem), apresentando um cinema brasileiro em constante invenção e reinvenção. Uma novidade deste ano foram os Encontros de Cinema, rodas de conversa promovidas logo após as exibições dos filmes brasileiros em um lounge montado na área externa do Palácio das Artes.

 

Formação Audiovisual

No Programa de Formação Audiovisual, realizado ao longo da semana, os participantes do Brasil CineMundi puderam acompanhar uma série de painéis, bate-papos e laboratórios sobre fundos de investimento, mercado audiovisual internacional e caminhos para estímulo à coprodução.

Os participantes também acompanharam mesas de discussão sobre várias atividades do mercado audiovisual. No sábado (01), foi a vez da mesa Estratégias de distribuição e promoção de filmes, que reuniu profissionais da área para compartilharem suas atividades e propostas. Uma das integrantes da mesa era Talita Arruda, curadora da Vitrine Filmes. Ela lembrou que a fundação da empresa pela produtora Silvia Cruz, em 2010, se deveu à percepção de que muitos trabalhos do país ganhavam projeção internacional e não conseguiam bons espaços de exibição em seu próprio território.

A mesa contou ainda com a presença de Jacques Pelissier, distribuidor francês da Juste Doc que dividiu com os presentes as experiências de lançar cinema autoral na França – um mercado bastante distinto do Brasil, mas que guarda muitas similaridades na dificuldade de fazer aparecer o filme de menor apelo comercial, que precisa de outros tipos de promoção para ampliar seu público.

 

9o Brasil CineMundi conquista novas parceiras e cooperação internacional

Durante quatro dias, 20 projetos de sete estados participaram de rodadas de conversa com os 23 convidados da indústria audiovisual de 12 países: Cuba, Espanha, Chile, Argentina, Noruega, Suíça, EUA, França, Uruguai, Itália, Alemanha e Brasil. Confira abaixo os contemplados.

Laura Godoy, diretora da produtora homenageada El Pampero mostrou seu projeto de documentário nas mesas de encontro, disse que ouvir os profissionais foi enriquecedor para um melhor entendimento das possibilidades de levar a cabo suas ideias. “Foi muito bom estar no seminário, pois tomei contato com coisas que não conhecia e que certamente vão me ajudar no desenvolvimento do meu filme”, exaltou.

 

Encerramento e premiados

A cerimônia de encerramento da 12ª CineBH ocorreu na noite de domingo (2 de setembro), no MIS Cine Santa Tereza, com o anúncio dos projetos vencedores do 9º Brasil CineMundi – 9th International Coproduction Meeting. Durante a última semana, foram realizadas 234 rodadas de meetings on to one na Central do Cinema, no Palácio das Artes, onde 20 produtores apresentaram suas ideias aos 23 convidados de 12 países.

O ganhador na categoria CineMundi foi A Professora de Francês (MG), do produtor Thiago Macêdo Correia, com direção de Ricardo Alves Jr e inscrito pela EntreFilmes. O projeto foi escolhido pelo trio de jurados Ivan Melo (produtor, Brasil), Roger Koza (crítico e programador, Argentina) e Annabelle Aramburu (consultora audiovisual, Espanha). É a terceira vez consecutiva que um projeto mineiro é consagrado vencedor desta categoria.

O projeto ganhou ainda prêmios dos parceiros da CineBH: CIARIO (R$ 15.000 em serviços de iluminação, acessórios e maquinaria), CINECOLOR (R$ 15.000 em serviços de finalização), CTAv (empréstimo de câmera digital SI-2 por 4 semanas), DOT (R$ 15.000 em serviços de finalização), MISTIKA (R$ 15.000 em serviços de finalização) e PARATI FILMS (tradução de roteiro para o francês). Além disso, o produtor vencedor ganha uma vaga no Producer’s Network na próxima edição do Ventana Sur, a ser realizado na Argentina entre 10 e 14 de dezembro de 2018. O vencedor também leva o prêmio Itamarty, que oferece passagem aérea internacional para participação no evento.

Programas de coprodução parceiros da CineBH também definiram seus premiados dentre os projetos participantes do Brasil CineMundi. O Torino Film Lab escolheu A Festa de Leo (RJ), produção de Duda Bouhid e Diogo Dahl, direção de Gustavo Melo e Luciana Bezerra e inscrito pela empresa Coqueirão Pictures.

E para o prêmio do DocMontevideo – Doc Brasil Meeting, que oferece vagas para os encontros de coprodução durante o festival uruguaio, em julho de 2018, o selecionado foi Geografia Afetiva (SP), com produção de Marília Garske, direção de Mari Moraga e empresa Súbita.

Na categoria Foco Minas, o júri elegeu Okaia Dunga – Mulheres Valentes, com produção de Paula Kimo, direção de Victor Dias e inscrito pela Apiário Produção.

O DOCSP, que premia produtores de documentário dentro da categoria Foco Minas e dá acesso à programação da Roda de Negócios da próxima edição do DocSP (em outubro deste ano), definiu Lar (MG), produzido por Bernardo Teixeira, dirigido por Leandro Wenceslau e inscrito pela empresa Estalo Criativo.

Por fim, o Prêmio MAFF, oferecido pelo Málaga Festival Fund & Coproduction Event, uma novidade desta edição do CineMundi, foi definido para Lavra, produção de André Hallak, direção de Lucas Bambozzi e empresa Trem Chic.

 

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