Hyper Festival: VR, AR e XR como novas possibilidades do mercado audiovisual

Vivenciar os cinco sentidos de um feto no útero, guerrear contra cangaceiros possuídos e experimentar uma cena de sequestro apenas com som imersivo. Esses foram alguns dos conteúdos imersivos que fizeram parte do Hyper Festival Brazil deste ano, são eles: Wonderful You, com dublagem de Simone Klaiss; O Rei do Cangaço, game da Ignite; e uma experiência sonora da Lab657.

O evento foi realizado no último sábado (27 de outubro) pelo idealizador Fabio Hofnik na Escola Britânica de Artes Criativas – EBAC, em São Paulo (SP). O encontro teve neste ano a sua segunda edição, sendo o evento o primeiro do País a dar foco total às experiências imersivas como realidade virtual, aumentada e mista. Foram exibidos mais de 20 filmes imersivos inéditos no Brasil, além de outras experiências, realidade aumentada para indústria, locadora de equipamentos como expositora e games como os da plataforma Arkave, da YDreams.

Arkave, inclusive, ganhou o primeiro Prêmio Hyper, com votação realizada por representantes do mercado de conteúdo imersivo brasileiro.

Imersão no diálogo

Um dos maiores destaques do Hyper Festival, no entanto, foi além da imersão, indo para a conexão e troca de conhecimentos com o chamado Hyper Talks. A programação dessa seção do evento trouxe oito painéis, com destaque para os Keynotes do Facebook e da Adobe, nos quais os executivos Argemiro Lima (Facebook) e Chris Bobotis (Adobe) apresentaram as novidades das empresas no âmbito do VR, AR e XR (realidade virtual, aumentada e realidades imersivas em geral).

Bobotis, por exemplo, apresentou softwares de edição da Adobe usados na produção e pós-produção de conteúdo imersivo e declarou que “tornar essas ferramentas acessíveis é um objetivo para nós”. Para ele, os desafios do mercado de VR no Brasil são praticamente os mesmos dos enfrentados em outros países, sobretudo por os óculos VR terem um custo tão alto ainda. Já Lima comentou de novidades em realidade aumentada, por exemplo, que o Facebook ainda não divulgou para o público geral. Inclusive, o executivo avisou que nesta semana estariam abertas para teste de produtoras independentes algumas novidades em AR no Instagram. Para solicitar acesso é preciso ser uma empresa produtora independente por meio do link: https://go.fb.com/sparkar-instagram.

Falando em aplicações futuras, o futuro das mídias e dos conteúdos foi muito abordado nos painéis do Hyper Festivalcomo o debate “O Universo do Storytelling Imersivo Narrativo”. Nele, participaram os profissionais Clelio de Paula, da WeSense; Daniel Sasso, do Lab657; Francisco Almendra, da Studio KwO e moderador da conversa; e Igor Sales, da Imersys. Logo na abertura, Almendra deixou claro que toda a evolução do ser humano passa pela narrativa, inclusive as realidades imersivas. “Temos uma grande responsabilidade com o VR porque estudos já mostram que não registramos essa experiência como algo ‘assistido’, mas como uma vivência real, uma memória”, afirmou.

Além de apontarem as responsabilidades do produtor de conteúdo imersivo, os palestrantes ainda sinalizaram que o áudio tem um papel fundamental na imersão. Uma prova disso, segundo Sasso, é a experiência do Lab657 realizada somente com áudio na feira do evento. “O som pode ser imersivo sozinho, por isso é tão importante no VR”, disse. Já Igor declarou que qualquer profissional ou produtora que queira se aventurar no universo XR precisa antes de tudo ter um roteiro adequado a essa mídia. “Não adianta trazer um roteiro feito para cinema ou TV, o VR exige algo completamente diferente”.

E mais temas relevantes:

– Investimento: durante um dos painéis foram apresentadas as experiências corporativas de marcas como ArkaveVR GamersBee Noculus e Diversion Cinema. A maioria das empresas começou com capital próprios dos sócios, partindo depois para investidores-anjo, aceleradoras de startup e apenas uma foi beneficiada por edital público. A Arkave, no entanto, foi criada por meio do capital da YDreams, empresa já consolidada que decidiu investir em uma plataforma VR própria.

– Jornalismo: com profissionais de veículos e empresas como R7.comTV GloboEditora 3, além de ter a presença do pesquisador Carlos Turdera, o painel sobre Jornalismo 360 transmitiu a ideia de que o jornalismo não está em “extinção”, mas sim sob “transformação”. Para Flávia Martins, do R7, “o jornalismo se mostra cada vez mais necessário na atualidade, quanto precisamos combater a má informação”. Nesse contexto, todos os presentes concordaram também sobre as realidades imersivas expandirem as possibilidades dentro da área e o impacto da informação.

– O futuro: o painel “O Futuro das Experiências Imersivas” reforçou o consenso geral do evento de que o mercado VR, AR e XR está no início e que muitas novidades vêm por aí, seja na tecnologia e/ou no conteúdo. Para os palestrantes, o momento de entrar “na onda do imersivo” é agora, que ela está começando. “O caminho do erro é o melhor aprendizado. Não temos profissionais formados para a produção imersiva, que exige multidisciplinaridade. Estamos todos nos formando para essa área”, comentou Rodrigo Hurtado, da XCAVE Extended Reality Studio, membro também do grupo brasileiro XRBR, que tem como proposta reunir empresas e profissionais que façam parte desse mercado no País.

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