Acordo entre ABMI e SICAV e direitos autorais em meios digitais são reforçados no Rio Music Market

Em setembro, o Rio de Janeiro recebeu o Rio Music Market, um dos mais importantes encontros do mercado de música brasileiro que reuniu importantes profissionais da indústria nacional e Internacional para debater as constantes transformações da indústria fonográfica e suas novas oportunidades.

Além de trazer à discussão assuntos como streaming, “value gap”, sincronização, vinil, rádio, marketing e biografias musicais a sexta edição do evento contou ainda com um coquetel e show de abertura no Theatro Net Rio, com os artistas Jaques Morelenbaum, Carlos Malta e Duo Gisbranco.

“Sinto que cada vez mais é o momento de sermos gregários e pensar sobre as questões que dizem respeito ao mercado da música em conjunto e não isoladamente”, comenta Carlos Mills, presidente da Associação Brasileira da Música Independente (ABMI), que realiza o evento em conjunto com o SEBRAE/RJ.

 

Convênio inédito entre ABMI e SICAV

Foi assinado o Termo de Colaboração entre a ABMI e o SICAV, em agosto, na sede da FIRJAN no Rio. Estiveram presentes Leonardo Edde (Presidente SICAV), Claudio Lins de Vasconcelos pelo SICAV e Carlos Mills (Presidente ABMI), Daniela Colla pela ABMI.

O Convênio promove um “fast track” (uma via facilitada) de acesso ao imenso acervo musical do catálogo dos associados da ABMI para as produções audiovisuais dos associados do SICAV. Entre os associados do SICAV estão produtoras como Canal Brasil, Conspiração Filmes, Globosat, Double Sound, Paris Filmes, Sambaqui Cultural e Fox Latina.

O acordo teve um painel no Rio Music Market para reforçar a parceria.

 

Gigantes da música independente europeia

Os Membros do Parlamento Europeu votaram em setembro para seguir com a reforma de direitos autorais em plataformas digitais como o YouTube. Foram 438 votos a favor, 226 contra e 39 abstenções.

O próximo passo será as negociações finais do Parlamento com os países membros e, assim, a emissão de uma decisão final da Comissão Europeia provavelmente até o fim deste ano.

A mudança implicará medidas legais para plataformas como o YouTube pelo uso de músicas não licenciadas, mesmo quando publicadas por usuários.

Vários empresários da indústria da música estão lutando para que o Artigo 13 integre a lei. Entre eles, estão Martin Mills, presidente do grupo Beggars, e Michel Lambot, cofundador do grupo PIAS, dois dos maiores selos musicais independentes da Europa.

Ambos também palestraram no Rio Music Market, em um painel sobre o abismo de valores nas plataformas digitais (chamado de “the value gap” em inglês). Também participam Marcelo Castello Branco, da UBC, e Richard Burgess, da A2IM.

 

Destaques dos palestrantes durante o encontro

“O mercado musical brasileiro tem um potencial gigantesco para investimento, que pode ser resumido no acrônimo VIHMAIS: *Vocação*, que temos de sobra, como um dos mercados musicais mais relevantes do mundo por sua qualidade artística; o capital *Intelectual* (riqueza de maior visibilidade internacional, fora commodities e empresas como Embraer e Embrapa) e o *Humano* (já que a criação cultural nunca será substituída por robôs ou por inovações tecnológicas), o *Meio Ambiente*, já que o investimento na música representa baixíssimo impacto e risco para o meio ambiente; a *Resiliência*, que mantém a produção musical forte, independente das circunstâncias econômicas desfavoráveis; e a *Soberania cultural*, que é a capacidade de influenciar a geopolítica mundial, sem recorrer à força militar ou sanções econômicas. Isso tudo, o mercado musical brasileiro tem de sobra, o que representa excelente motivo para o investimento da iniciativa privada neste setor”.
*Cláudio Lins de Vasconcellos (SICAV) no debate sobre sincronização e execução pública

“Não existe uma fórmula mágica pra quem está começando na música – temos que atuar em todas as frentes”.
*Roberta Dittz, vocalista da banda Canto Cego, durante o bate-papo sobre “mapeamento da produção independente”

“Quando a gente começou a carreira, só existia o vinil; a expectativa era ser contratado por uma gravadora. Com as novas tecnologias, veio a transformação disso tudo – e a criatividade de saber lidar com tudo isso”.
* Paulinho Moska, para o painel “Desafios da criação artística”

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